12 de julho de 2011

INTIMIDADE POÉTICA

Nesta minha trajetória literária tenho visto que falta da parte da maioria dos escritores a ‘intimidade poética’ quando escrevem. Há entre nós os que publicam livros, os que apenas escrevem e os que são poetas. Qual a diferença entre os três? Bem, quando comecei a me interessar por livros, ‘devorei ‘os livros do poeta português Fernando Pessoa e seus heterônimos, a partir dessa profunda leitura comecei a escrever os poemas do meu primeiro livro “Ausências”, acordava de madrugada a fim de produzir. O desejo era de expressar o que sentia nesta intimidade com as palavras. Não demorei muito e publiquei o livro. Fiz uma tiragem de 100 exemplares, quando fui buscá-lo na editora, fiquei feliz, era como se tivesse com um filho nos braços. Depois me arrependi amargamente de ter me precipitado, por pouco não peguei os livros e fiz uma bela duma fogueira no quintal de casa.
Descrevi tudo isso para falar que não há como conceber uma pessoa que escreve sem ter o habito diário da leitura, eu desconfio quando conheço um escritor que não leia, tenho minhas dúvidas. Há uma pressa em querer publicar livros, a qualidade pouco importa.
Há também os que escrevem apenas, ou melhor ‘vomitam’ as palavras e colocam em livros do jeito que nasceram, sem uma segunda, terceira leitura. Em pouco tempo que escrevo já li e vi cada coisa escrita que não deveria entrar como literatura.
E os poetas, bem esse são os que vivem o que escrevem, é fácil você sair dizendo por aí que é poeta, tem livros publicados, e o seu cotidiano demonstra outra coisa. Não estou dizendo aqui que quem escreve deva viver num casebre, passar fome, não ter um emprego ou coisa assim, definitivamente não.
Eu não me separo da poesia e nem ela de mim, está dentro e fora do meu cotidiano. Ler para mim faz parte do meu dia a dia, da mesma forma como faço três refeições diárias. É meu alimento. Seria difícil falar aqui todos os autores que me fazem continuar vivendo esse transe, Roberto Piva, Ana Cristina Cesar, Murilo Mendes, Augusto dos Anjos, Leminski, Walt Whitman, Baudelaire, Bukowski, Clarice Lispector, Ferreira Gullar, Dylan Thomas, Maiakovski,...
Tenho um segundo livro pronto, mas me pergunto, devo publicar? Para quem ler? Como disse Paulo Henriques Britto, que fez a tradução do livro “Uma Arte (As Cartas de Elizabeth Bishop) “se há no Brasil um mil leitores de poesia é muito”, isso num país de 180 milhões de habitantes.
Pressa é o inimigo número um do escritor. Sou o que escrevo, “Como falar de meus poemas se estou dentro deles”? Blog: www.mahluporini.blogspot.com

Um comentário:

Karina Aldrighis disse...

Concordo, poetisa, tudo a seu tempo! abraços