3 de janeiro de 2012

‘ASAS VESPAS’ E SUA PROVOCAÇÃO



O poeta Ricola de Paula nos presenteou em 2011 com seu mais recente livro ‘Asas Vespas’(Ed. Mogiana) que teve seu lançamento realizado no SESC de São José dos Campos, SP. Costumo dizer que não concebo um poeta que não tenha o hábito da leitura, assim como um músico que não conheça a obra de Chico Buarque, Caetano Veloso. Poesia é liberdade, provocação, inquietação e não um vaso de flores, aquela coisa bonitinha, mas que não provoca, não assusta. É apenas bonitinho.
Lendo o livro ‘Asas Vespas’ do poeta Ricola presenciei esta provocação logo no inicio do livro com o poema ‘ Á VISTA OU Á PRAZO/ SOMOS TODOS APRESSADOS’, belo poema, que em minha opinião trata desse sistema capitalista que vivemos apressados na contramão dos tempos. O poeta Ricola trabalha uma linguagem moderna, precisa, lapidada. Sabe misturar modernidade, tradição sem cair na mesmice daquela coisa tradicional, chata, que nos dá canseira quando lemos.
A poesia de Ricola é delírio, liberdade. Gosto dos seus poemas, dessa liberdade em seus versos, coisa solta, que me faz navegar pelas águas silenciosas da poesia.
Descreve esse delírio no verso ‘gemendo a frase esperneia/instrumento de prazer e dor’(pg., 23) misturado com toque de sensualidade. Fez-me lembrar do poeta Roberto Piva, falecido em julho de 2010. Uma perda para a poesia contemporânea.
Outro poema que me tocou, fez-me sentir o cheiro daquele café feito no fogão de lenha foi CIDADE (pg.29) ‘perder o tino/arrancar a pele urbana das paredes da cozinha/com as unhas sujas de mato’.
Já em ‘Canoa de Ossos’(segunda parte do livro) o poeta traz as lembranças de uma São José dos Campos, nostalgia de uma infância adormecida, talvez e moderna quando diz ‘ o brilho futurista das estruturas metálica cega os trausentes/ o céu nublado/ azul turquesa/ calor infernal exala da rodovia Presidente Dutra/ suave pelos bairros/ penetra sem maldade/ impregna os pulmões da tarde’. Bela descrição.
Termina o livro com ‘Carmesim das Palavras’(terceira e última parte do livro) aborda uma poesia apimentada, gostei do que li e vi. Fechou muito bem o livro com o poema CHOVEU MUITO NAQUELE ANO (pg.97) ‘ a noite/ nossos sonhos/ espelham cenas fragmentadas do paraíso terrestre. ’ Recomendo a leitura do livro ‘Asas Vespas’ do poeta Ricola de Paula, leia, releia, devore. A poesia não é para ser entendida, mas sim apreciada.

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