12 de julho de 2012

Lawrence Ferlinghetti, O editor da Geração Beat








Lawrence Ferlinghetti nasceu em Yonkers, Nova York, em 1919. Veio de uma família ítalo-portuguesa. Perdeu o pai antes mesmo de nascer e sua mãe foi internada por problemas psiquiátricos. Foi criado por uma tia materna, passando seus primeiros cinco anos na França. Apesar das dificuldades que teve na infância, ao retornar aos Estados Unidos ingressou na University of North Carolina, se formando jornalista. Publicou suas primeiras historias na Carolina Magazine. Em 1941, foi morar com dois amigos numa pequena ilha do Maine. Logo após entrou para a marinha, participou da II Guerra Mundial. Trabalhou por um pequeno período na Revista Time, antes de voltar aos estudos e ir para a Columbia University, onde obteve o grau de literatura inglesa. Retornou para a França e fez doutorado pela Sorbonne em 1950, com menção honrosa.  Em 1951, ao voltar para os Estados Unidos instalou-se em San Francisco. Suas primeiras traduções foram publicadas na revista cultural City Lights por Peter D. Martin, que três anos depois tornaria seu sócio na livraria City Lights. Depois da saída de Martin, Ferlinghetti funda a editora City Lights, e publica seu primeiro livro, ‘‘Pictures of the Gone World’, primeiro volume da Pocket Poets Series. O quinto livro da coleção foi ‘Uivo’ de Allen Gisnberg, que foi censurado na época pelas autoridades norte- americanas e Ferlinghetti foi preso e respondeu processo pela publicação do ‘Uivo’. O julgamento trouxe muito mais publicidade para os autores e livraria. Após tal publicação a editora ficou conhecida por publicar as obras de autores beats, como Jack Kerouac, Gregory Corso e William Burroughs. A livraria continua sendo um ponto de encontro de artistas, leitores e apreciadores.  Foi palco de leituras de poetas como Michael McClure, Allen Ginsberg e Gary Snyder. A obra de Lawrence Ferlinghetti define qual o papel do artista no mundo faz-nos refletir na identidade de cada individuo qual a definição de arte. Não é por menos que Jack Kerouac perpetuou o amigo em ‘Big Sur’, romance autobiográfico no qual Ferlinghetti aparece com o nome de Lorenzo Monsanto, caracterizado como uma figura generosa e bem-humorada. Lawrence Ferlinghetti desde a década de 1950 não para de publicar, seu principal livro é ‘Um parque de diversões da cabeça ‘A Coney Island of the Mind’ publicado em 1958, tendo sido traduzida para várias línguas. Conheci a poesia de Ferlinghetti através do livro ‘Big Sur’, de Kerouac, seus textos são como as ondas do mar, há um balanço, um ritmo, uma conectividade que envolve o leitor.   Ferlinghetti nos afirma que ‘a poesia pode ser lida como noticia’.  

Conheça seus livros no site da City Lights Books:

Tradução do poema 'Allen Ginsberg is dying' 

Allen Ginsberg está morrendo
Está tudo em papeís
Está no noticiário da noite
Um grande poeta está morrendo
Mas sua voz
         Não vai morrer
Sua voz é na terra
Em Lower Manhattan
na sua própria cama
ele está morrendo
Não há nada
Fazer sobre isso
Ele está morrendo a morte que todo mundo more
Ele está morrendo a morte de um poeta
Ele tem um telefone em sua mão
e ele chama a todos
a partir de sua cama em Lower Manhattan
Todo o mundo
tarde da noite
o telefone está tocando
 “Este é Allen”
         A voz diz
“Allen Gisnberg chamando”
Quantas vezes ouviram ele
ao longo dos anos muito grandes
Ele não tem de dizer Ginsberg

Em todo o mundo
no mundo dos poetas
Existe apenas um Allen
 “Eu queria te dizer” diz ele
Ele lhe diz o que está acontecendo
o que esta vindo para baixo
sobre ele
A morte do amante escuro
descendo sobre ele
Sua voz vai por satellite
sobre a terra
sobre o mar do Japão
onde ele ficava nu
tridente na mão
como um jovem de Netuno
um jovem com barba preta
em pé em uma praia de pedra
É mare alta e o mar grito aves
As ondas quebram sobre ele agora
e as aves marinhas chorar
sobre o San Franscisco beira mar
Há um vento forte
Há grandes gorros brancos
amarração da Embarcadero
Allen está no telefone

Sua voz é sobre as ondas
Estou lendo poesia grega
O mar está nele
Cavalos a chorar nele
Os cavalos de Aquiles
chorar nele
aqui á beira-mar
em San Francisco
onde as ondas choram
eles fazem um som sinbilante
um som sibilina
Allen
Eles sussuram
             Allen

Tradução de Máh Luporini
(Lawrence Ferlinghetti, April 4, 1997)



Nenhum comentário: