6 de agosto de 2012

Momentos de Estrada


Depois de um longo período de silêncio retorno ao meu velho companheiro, estava com saudades dos teus escritos, das nossas conversas ao pé do fogão passando aquele café feito na hora. Ah, como é bom rever os amigos. Neste tempo afastada de ti vivi experiências fantásticas, passando quase um mês na vida "On The Road', estilo Jack Kerouac.  De Limeira cai em Sampa, de para-quedas com R$3,00 na carteira, duas bolsas, um de livro e outra de roupa. Meu pouso na metrópole foi passageiro, mais de intensas aventuras. 
Pedir carona no bus até a Vila São Luis , onde consegui repouso por uma noite. Cara, depois cruzei Sampa e fui parar na Zona Leste, Itaquera sem saber ao certo o que me esperava. Desembarquei na Estação José Bonifácio, me perdi no local, devo ter cruzado metade da Zona Leste, nunca andei tanto a noite, dava volta  e nada de achar a casa onde fiquei meus últimos dias em  Sampa, na casa do poeta e 'irmão' Escobar Franelas. Grande figura humana e toda sua família. Muita loucura quando se sai sem destino, te dá várias sensações ao mesmo tempo, alegria, liberdade, medo, etc. Chega fim de semana, o que fazer? Vamos lá no celular, abrir a rede social facebook onde neste tempo de estrada foi meu companheiro virtual. 
Pensei com meus botões, foi reassistir a peça 'São Paulo Surrealista', já tinha ido ver quando fizeram uma apresentação no Museu da Língua Portuguesa, vou lá e compartilho no mural do face. Logo, uma amiga e parceira da promiscuidade literária  me faz o convite para ir assistir ao show 'Sacos de Ratos' na Estação Frei Caneca, do figura Mário Bortolotto, topei de imediato, queria sai da mesmice. Lá vai a poeta com sua sacola e escritos para Jabaquara, ótimo show e ótima companhia. Tu crê que acabei escrevendo no final da noite? Depois de uma longa noite de escritos e devaneios, sobrevivi ao domingo, voltei a Zona Leste e levantei voo para São José dos Campos. Trajetória: três bolsas, um pacote de bolacha e R$10 na carteira. 
Fui de trem até Mogi das Cruzes.  No bus de Mogi das Cruzes até SJC outro parceiro da promiscuidade literária, Paulo Sposati Ortiz ao qual me 'jogou' nesse meio, começamos a escrever um poema pelo in box do facebook, eu no celular. Com fome e sem grana, comecei a vender alguns jornais para pagar minha passagem até SJC e comer algo, o povo é muito hospitaleiro, não tive nenhuma dificuldade quanto a isso. 
Ufa! Beleza, não? Cheguei em São José dos Campos por volta de 19h, saldo negativo. Aquele poema com Paulo Sposati que mencionei no começo, terminei na Rodo de SJC. Cena 1: Bolsa no chão perto da tomada para recarregar o celular, sem saber onde ia dormir. Lá vai a poeta abrir a rede e escrever pedindo socorro aos amigos ou desconhecidos. Fui salva por uma amiga de Caçapava, uma figura de extrema simpatia e que sempre me surpreende. A poesia sempre me trazendo novos parceiros, amigos, amores. Que viva sempre a promiscuidade literária e seus adeptos. 


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