29 de outubro de 2012

Aventura Surreal em Três Atos (I)


Primeiro Ato

Sábado, 27 de outubro na metrópole paulistana, manhã ensolarada, nossos pés em brasa na Avenida Paulista. Não sabia aonde ia e nem o que me esperava, caminhava, caminhava sem destino. No burburinho dos carros e das palmeiras que observam meus passos fui levada a Rua Augusta. Cheguei a um simpático boteco no cruzamento da Alameda Jaú com a Augusta, entrei e pedi u
ma cerveja e tirei da bolsa lápis e um bloquinho de anotações, tudo é registrado. Quando misturo álcool e palavras perco-me de mim, e lá se foi à primeira garrafa. Pedi a segunda, e os escritos começam a nascer. Terminei na terceira garrafa o meu último verso ‘olho para a face das janelas do teu sexo’. A viagem durou até ás 17h, a outra entrou no meu lugar. Não sabia mais quem eu era ao deixar o primeiro ato. Deixo o bar, meus neurônios estão aguçados, vontade de desejo e gosto de loucura. Fui em direção a fazer o que o corpo traduzia.
Entra o terceiro ato, caio novamente na Paulista e lá vou a desejar novas aventuras, celular ligado a rede social, uma forma de abstrair a solidão. Chego a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e o celular ‘morre’. Putz pensei e agora: preciso de uma tomada para recarregar o celular, aparece um supermercado à frente, entrei cheguei ao fiscal de loja e disse: “olha, preciso fazer uma ligação, meu celular pifou, posso usar recarregar meu celular enquanto faço umas compras”, de imediato aceitou. Deixei o celular carregando enquanto fui comprar algo pra comer, voltei e lá estava tudo certo.
Sai, continuei o percurso, estava a caminho de assistir a peça “São Paulo Surrealista 2: A poesia feito espuma” no Madame, começa as 21h. Chegando a Rua Conselheiro Ramalho, encontro novamente um bar ao meu caminho e lá se vai se vais alguns goles e fumaça, quando bebo acabo fumando. Assisti à peça e parabéns a todos que participam, ao cruzar a porta do Madame era como se eu tivesse entrado num outro mundo, despi-me de mim mesmo. Degustava a cada cena, encontrar Piva, Dante, Hilda, Ginsberg foi incrível. Retornei a Brigadeiro Luis Antonio com sede de escrever e aproveitar a noites sem regras. Tomei mais uns goles e retornei ao meu caderno de escritos. A noite reserva surpresas. Já passava da 00h quando fui ‘expulsa’ da padaria, iam fechar. Prossegui a caminhada, com pouco dinheiro na carteira fui indo em direção a Estação Paraíso ver se conseguia pegar o ultimo metrô, nada. Já tinha encerrado.
Cheguei à catraca da estação encontrei um rapaz, aparentava ter uns 20 e pouco anos, franzino e também estava na mesma situação. Apresentamos-nos ali e decidimos ir alguma padaria 24 h, passar a noite flanando. O jovem tinha 25 anos, advogado e ficou espantado quando tirei da bolsa o livro ‘On The Road’, disse que já tinha lido e queria saber mais a respeito, acabei dando uma aula beat entre goles, salivas e abraços. Duramos até as 4h da manhã quando nosso percurso se dividiu.

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